quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Es_calar

Ainda me recordo da primeira vez que decidi experimentar a escalada, decorria o ano 1997...
Tinham-me prometido uma semana radical, desde corridas de orientação, mergulho, trekking e também escalada.
O que mais me entusiasmou nessa semana foi a escalada, só pensava na 5ª-feira, o dia prometido para escalar. Certifiquei-me que não me colocariam numa qualquer parede artificial cheia de facilidades para chegar ao topo de uma forma rápida.
Disseram-me que o local era surpresa, mas que seria uma parede natural.
Na noite anterior, tive um sono agitado, e, antes do despertador tocar, já eu estava acordada a pensar no dia que iria ter.
Entrei para o carro, e dirigimo-nos para a Serra da Arrábida, disseram-me que o destino era a Fenda da Arrábida.
O nome assustou-me. Disseram-me que a Fenda era de difícil acesso e o percurso demorado.
Acedemos pela praia, começámos a subir em direcção à mata, onde as árvores e as rochas se misturavam. Começo a ver um grande bloco de pedra, e percebo que vamos para o seu interior. Quando nos dizem que chegámos, recordo-me de procurar o Sol e não o encontrar. As paredes eram altas, muito altas. Parecia um beco sem saída. E eu, ali, deliciada com tudo o que estava a observar.
Comecei a escalada, tive uma enorme facilidade para subir, conseguia encontrar suportes naturais para me apoiar, as minhas mãos cabiam nas fendas da rocha. Mas, também me recordo da sensação de sentir algumas larvas/insectos por baixo dos dedos e pensar que não poderia levantar as mãos.
Subi ao topo, uma das poucas nesse dia a conseguir a proeza. Quis voltar, quis voltar a sentir que tinha chegado ao topo do mundo. Não com esta vista fantástica da Arrábida, mas com outras vistas igualmente fantásticas, voltei a ter essa sensação. E senti, por inúmeras vezes cada vez que começava a trepar.
Hoje, passados alguns anos a dedicar-me a outros desportos, vou voltar a escalar.




Porque hoje, é o dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que consigas reproduzir as sensações que descreves. No dia que, hoje, é.

Mary May