segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Desconstrução

Desconstruir

Recordo-me das longas tardes em que brincava com o meu Lego. Adorava criar, construir, inovar. Adorava a mistura de cores, a definição das formas, a facilidade que tínhamos em substituir peças apenas porque a cor não era a melhor.
As peças não mudavam muito e eram de encaixe fácil (desde que secas e sem cola).
Gostava de fazer casas, cubos, quebra-cabeças. Gostava de misturar o Lego com outros objectos como berlindes ou papel.
Quando chegava ao final do dia e era hora para arrumar o Lego, ficava triste, pois significava que tinha chegado a hora de desconstruir, mesmo que soubesse que no dia seguinte ia voltar a unir peças até criar uma forma desejada, com aquele mesmo brinquedo.
Mesmo acreditando que no dia seguinte a forma poderia ser mais adequada ao que eu queria, mesmo sabendo que no dia seguinte me poderia apetecer criar uma nova forma, a tristeza era inevitável.

Hoje já não brinco com Lego. Mas, inevitavelmente, associo momentos, situações, objectos com este mesmo brinquedo.As próprias relações são como o Lego.





Desta forma, prefiro não brincar.



2 comentários:

cegonhagarajau disse...

Não deixes de brincar,
não deixes de construir,
mesmo que seja para desmanchar.
Só brincando, só experimentando
e, muitas vezes,
só desconstruíndo se aprende a construir de outra forma, a construir melhor.
Abraço

Secreta disse...

Há relações que de tão "inconstante brincadeira" , acabam por ser prejudiciais para nós... Portanto, penso como tu, há formas com as quais prefiro não brincar!
Beijito.