Saiu de casa, hoje mais bem disposta que ontem, embora muito mais atrasada.
Pegou na mala do portátil, colocou lá o tabaco, o iogurte, os óculos. Colocou a mala no ombro, pegou nos óculos de sol, chaves do carro e chaves de casa e voltou ao quarto para mais um beijo e mais um "até já".
Abriu a porta, sorriu para o gato e apanhou o elevador até à garagem.
Andava no carro que pertencia à namorada, o seu estava estacionado ao lado, agora lavado.
Abre a porta do condutor, coloca a mala no banco do pendura, coloca os telemóveis perto do travão de mão, coloca os óculos e liga o motor.
A visão que tivera, repetiu-se pela segunda vez. Via-se a ela própria a entrar para o carro. O relógio marcava 10h30 em vez das reais 9h20. Colocava a mala no banco do pendura e sorria, pensava na agenda que tinha para o dia todo. Pensava na hora de almoço e em ir buscar a namorada para almoçar. Pensava em dar uns dias de folga a uma funcionária. Precisava reagendar uma reunião, não tinha nada preparado para fechar negócio.
Hoje sairia mais tarde, tinha umas coisas para acordar com a comercial.
Voltou a sorrir, tal como ontem.
Se a visão voltar a repetir, acontecerá. Melhor não lavar este carro. Coloca o cinto de segurança, faz a manobra para retirar o carro, abre o portão e arranca. Mais um novo dia.
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