quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Memória de um abraço não dado


Caminhava em direcção ao carro. Era tarde, passavam das 23h, não havia iluminação pública. Apressara o passo, sem tirar os olhos do chão, tinha algum medo de andar sozinha à noite naquela rua.
Vê algo a brilhar no chão, olha para o céu. As nuvens estavam mais próximas que o azul nocturno. Apenas se viam as nuvens.
Baixou-se para apanhar o objecto, não fazia ideia do que era. Seria um pirilampo magoado? Em pleno centro de Lisboa? No inverno? Tão tarde?...
Quando o tocou, estava frio, muito frio, talvez influenciado pelos 4ºC que se faziam sentir. Depressa o agarrou, colocou-o na palma da mão e fechou-o, até começar a aquecer. 
Sentiu um calor imenso na mão, teve que a abrir. O objecto brilhava ainda mais, parecia uma luz incandescente, que quase a cegara. 
Decidiu, para seu bem, não olhar para o objecto directamente. O calor sabia muito bem, mas era perigoso para os olhos. Colocou-o com todo o cuidado junto ao peito, onde o calor parecia ganhar outra dimensão. 
O objecto, que apenas tocava a pele... com o seu calor rompeu a pele e logo atravessou a carne e instalou-se junto ao coração.
Hoje, passados dois anos, é ao peito que se agarra, a zona afectada por esse calor imenso que foi trazido por esse objecto. O Amor.

Em memória de um abraço não dado...  
Ao presente a teu lado: Maria 2.0


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