sábado, 20 de setembro de 2014

29 de 90 - II Season

Quanto mais tempo estou sozinha, mais exigente começo a ser com @s outr@s.
Sou feliz sozinha e, no mínimo, tenho que ser feliz ao lado de outra pessoa. Tão feliz como agora, ou mais. Não estou para meias medidas, meios sentimentos, meias pessoas.
Não estou para relações a três, para personagens fictícias nem para nada que me tire esta leveza de espírito.
Sim, leveza de espírito é o termo mais correcto. 
Quero continuar a acordar sem passar cartão a ninguém. Apetecer-me mudar de planos sem ferir @ outr@, voltar tarde, ou nem voltar... viver.
Quero alguém que me respeite, que não minta, que não fale apenas para quebrar o silêncio, que apenas diga o que sinta, a verdade de verdade. 
Fartei de mentiras, de falsos sentimentos, de palavras tantas vezes repetidas e totalmente desprovidas do seu real significado.
Talvez seja por isso que hoje tenho dificuldade em acreditar no que me dizem.
Sempre que me dizem que gostam de mim, não acredito.
Sempre que dizem que são pessoas diferentes, não acredito.
E mais... ainda fico chocada quando me dizem: "Amo-te". Sim, agora também já não acredito. Gostava de poder decretar uma lei onde fosse proibido usar este verbo, ou então informar os seus utilizadores do seu verdadeiro sentido. Sentido... de um para um. Não de um para mais (incluindo dois).
Este ano tenho evitado fazer novas amizades. Não sei o que faço de errado, pois as pessoas tendencialmente apaixonam-se por mim. De qualquer idade, sexo ou credo. Será que não imponho barreiras? Será que sou demasiado simpática? Ou será simplesmente porque não tenho namorad@ e isso já por si só representa uma grande percentagem de disponibilidade para o romance?
Não nego que gosto de uma boa "cantada". Gosto das femininas, mas prefiro as masculinas. Os homens nestas coisas, são sempre mais sinceros e transparentes. Ou então ainda estou traumatizada com a última mulher (se assim se pode chamar) com quem me envolvi
Tinha acabado de chegar a Portugal, e, no dia seguinte tive que ir ao hospital da Luz buscar o resultado de uns exames médicos da minha mãe.
Ainda estava meio "desnorteada", não tinha mudado totalmente o chip, completamente desgrenhada e ainda por cima chovia.
Estaciono num local proibido, e vou a correr para dentro do hospital para não me molhar. Chego lá, e estou totalmente perdida, não sei onde ir.
Dirijo-me à recepção e a senhora explica-me o caminho para lá chegar. Sinto-me deslumbrada com o espaço. É bonito, tem um jardim interior e as pessoas estão tão limpas, tudo tão organizado, até o cheiro era bom (ou isso, ou ainda me julgava em Angola).
Chego ao local indicado, tiro uma senha e fico a olhar para os monitores a tentar perceber tudo, a olhar para toda a gente, sentia-me tão... longe. Era tudo tão... civilizado.
Deparo-me com uma senhora a olhar para mim, como se eu fosse um alien. Começo a pensar que estou mesmo muito desgrenhada. Ainda por cima apanhei chuva. Começo a pensar se estarei vestida, ou se me esqueci e saí de pijama de casa.
Finjo que não reparo e continuo de cabeça no ar a olhar em volta. Começo a aperceber-me que a senhora se dirige a mim. 
" - Olá!"
" - Olá!" - respondo meio pasmada.
" - Nós conhecemo-nos, não nos conhecemos?"
" - Uhm... Não." - não me lembro daquele rosto.
" - Sim, conhecemo-nos. Tu não és a xxx?
" - Sim, sou. Mas conhecemo-nos de onde? Temos algum amigo em comum?" - começo a pensar se será alguma ex da Aninhas e não me lembro.
" - Sou a I. Não te lembras mesmo?"
" - Não. I.? Não estou a ver. Ah! Talvez nos tenhamos conhecido através da Aninhas?" - pergunto eu, visto que mais do que 50% das namoradas da Aninhas tinham o mesmo nome da senhora.
" - Não. Conhecemo-nos de outro lado."
" - Então de onde? Desculpa, acabei de chegar a Lisboa, ainda estou meio desnorteada e confusa."
" - Se não te lembras não faz mal. Mas pensei mesmo que te ias lembrar de mim. Desculpa esta abordagem. Não costumo interpelar as pessoas deste jeito. Desculpa mesmo."
" - Sem problemas, tenho que ir, é a minha vez. Fica bem." - e afasto-me.
Fiquei a pensar naquilo, mas mais ainda na dificuldade que iria ter de readaptar-me ao meu país. Que choque de tudo.
Passados uns dias, tinha um pedido de amizade no Facebook da senhora. Não sei como mas conseguiu chegar a mim.
Entretanto, envia-me mensagem a pedir desculpa, que andava no Facebook à minha procura todos os dias e que se apaixonou por mim assim que me viu. Perguntei-lhe como se apaixona por alguém que não conhece. Diz-me que o meu cabelo chamou a atenção, todo desgrenhado e quando viu o meu rosto, ficou maravilhada, porque achou que tinha um rosto de boneca, muito meigo.
Aqui começa a "cantada". A senhora é bonita, efectivamente. Feminina, olhos verdes, totalmente em forma, entre os 40 e os 50, linguagem cuidada. Tem tudo o que se pretende.
Começo por responder, vou beber um café com ela na base da simples amizade mas, ela está completamente deslumbrada comigo e não é justo para ela.
Pergunta-me porque estou sozinha e porque estou assim há tanto tempo. Explico-lhe por alto o meu passado, e pronto, acabam as questões. Digo-lhe que não quero uma relação nem envolvimentos para já, que quero continuar sozinha.
Vou para casa, e as mensagens continuam. Até que lhe volto a dizer que não quero envolver-me com ela. Diz-me que é tarde demais e envia-me a imagem abaixo.



Perdeu todos os créditos que poderia ter. E aqui, o meu critério de exigência não perdoa.
Como posso acreditar nisto? Não posso, nem quero. Além disso, não queria ter ninguém. 
Estou demasiado focalizada em mim, para perder tempo em relações com os outros (maldito egoísmo). Mas julgo-me assim tão boa que não me posso dar aos outros? Não. Não sou é capaz, perdi essa capacidade, apesar de saber que é temporária (assim espero).






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