Como saio às 17h, mudar de roupa e ainda ir até ao ponto de partida, demoro algum tempo.
Quando lá cheguei (à praia de Carcavelos), chovia. Fiquei no carro à espera que parasse, mas... não parou. Ainda assim, decidi sair do carro e começar o percurso.
Foi quase um desporto radical, entre correr debaixo de chuva, com muito vento e ainda a fugir das ondas que teimavam em subir o paredão.
Mesmo assim insisti e fiz o percurso todo. Não vi mais do que 3 pessoas na mesma zona, para além de mim.
Por momentos tive medo, a rebentação a subir o paredão e a arrastar tudo o que encontrava pelo caminho. Mas não me deteve, apenas deteve o telemóvel, que com tanta água decidiu boicotar o meu divertimento e fiquei sem música, sem tracker (tive que terminar o evento manualmente) e sem forma de contactar alguém em caso de emergência.
Fiz mais de 10 kms novamente.
Pensei, durante quase todo o percurso, sobre a recompensa. Qual seria a minha recompensa por tudo aquilo? Não é porque ando a toque de vitaminas que sou imortal, ou que fico com super-poderes.
Também não tenciono perder peso (não há muito para perder) ou fazer maratonas (aborrecem-me).
Gosto do cansaço físico e da liberdade de fazer o que me apetece quando me apetece. Sem ter nada a provar a ninguém, terminei ontem o percurso com grande satisfação. A recompensa foi essa.
Claro que seria óptimo chegar a casa, ter um abraço à minha espera, uma mantinha e uma refeição quente. Resta-me mesmo só a manta.
Cheguei a casa e fui directamente para o banho, estava totalmente molhada a pingar e não queria arrefecer com a roupa no corpo.
Saí do banho e pulei até ao fogão, tratar de uma refeição quente que me aconchegasse. Depois peguei na manta e fiquei pelo sofá a ver tv.
Faltou o abraço, é o preço que pago.
Ps: Pai Natal, podes devolver-me a capacidade de amar, desejar ou querer alguma pessoa?
Se puderes, traz-me uma pessoa que seja honesta, integra, sincera, madura (mas não podre), com humor e com o passado bem resolvido. (a pesquisa não devolveu resultados?... pois).
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