sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

E...

Voltei a vê-la no mesmo local, umas semanas depois. Fui lá com esse propósito. Meticulosamente, levo no bolso um pedaço de papel com o meu número de contacto e com o meu nome. Mas que me passa pela cabeça? Terminei o relacionamento que mantinha com o corpo que habitava os mesmos lençóis que eu. Estava livre, e com uma vontade enorme de me aproximar daquela senhora da discoteca. Curioso, ela nem deve saber que eu existo. Mas mesmo assim, durante o jantar celebro alegremente a esperança que existe de que tudo vai correr pelo melhor e que, o papel que tenho no bolso chegará às mãos da senhora. E chegou. Chegou o papel e chegou a minha pele e a minha boca. Nessa mesma noite dançámos, bebemos, beijámo-nos e... foi assim durante dois anos: intenso fisicamente, doloroso psicologicamente. Se hoje voltaria a fazer o mesmo? Dirigir-me a uma estranha com o meu número de contacto? Não! Foi o impeto próprio da idade, de quem acha que o mundo vai acabar a qualquer momento, e com uma lata que nem eu reconhecia em mim. Foi bom, algo a não repetir. E, tal como a selecão portuguesa não resistiu à equipa grega no euro 2004, nesse mesmo dia, nesse mesmo ano, o psicológico superou o físico. Restou no bolso dela o meu papel e em mim, o grande vazio e a transformação de um sonho numa mera recordação.

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