A destinatária

Dotada do dom de articular palavras e mistificar sentimentos, lança um conjunto de palavras emaranhadas na minha direcção. Coincidência feliz, fosse eu acreditar em coincidências. Era nada mais, nada menos que o meu dia de aniversário, caiu que nem um presente. Ao ler o que me escrevera, sorri. Foi a segunda emoção sentida com aquele texto: a primeira foi de surpresa, espanto. Não me contive e respondi, com toda a cordialidade e respeito, afinal, desconhecia a proprietária daquelas tão simpáticas palavras. Ela voltou a responder, eu re-respondi, ela re-re-respondeu e desta forma a troca de e-mails massificou-se (sem que assuma um lado pejorativo e sem que eu preencha este post com vários "re-").
Até que, a curiosidade começou a instalar-se, a necessidade de visualizar quem se escondia por trás da escrita ganhou mais força e... o encontro presencial foi inevitável.
Cheguei atrasada... lá estava ela sentada quietinha, apenas com um sorriso do tamanho do mundo esboçado naquele rosto iluminado.
Mereceria toda a minha atenção, pois aguardou por mim mesmo com um atraso de quase uma hora.
Primeira coisa que me chama a atenção: as mãos.
Umas mãos douradas, com vários acessórios, que apenas salientavam a pele radiosa que por trás de alguns deles, teimava em ofuscar-me. E como eu gostei!...