A dor

O fim de uma relação amorosa é quase sempre dolorosa. Por muito que não queiramos, acabamos sempre por pensar e pensar na outra pessoa. Todos os segundos do nosso dia são preenchidos por essa pessoa, nem que seja apenas em pensamento.
Acordamos a meio da noite (quando conseguimos adormecer) e depois ficamos ali, sem conseguir pregar olho o resto da noite.
Queremos libertar-nos, queremos parar com esta dor que nos aniquila aos poucos, mas... as expectativas, a esperança, não nos deixa. A todo o momento aguardamos um sms a dizer que tudo não passa de uma mentira, aguardamos que a campainha toque, ou na rua, olhamos para todos os lados à espera de cruzarmos o nosso olhar com o dela. A esperança que nos vá buscar ao emprego, que lá esteja antes de chegarmos. Que leve a aliança que ficou depositada na cómoda no seu quarto e que nos diga que nos quer mais do que nunca...
O não ter planos em conjunto, a ausência dos mais de 10 telefonemas e dos quase 150 sms que trocávamos diariamente (sim, estavamos juntas todos os dias), a ausência das suas histórias, do seu sorriso, da sua doçura, de tudo o que vivíamos, faz-me ficar entorpecida.
Prefiro sempre que seja assim, no fim de uma relação quero ficar sozinha, longe da pessoa com quem estava, sem cafézinhos, sem visitas, sem telefonemas, sem sms, evitando frequentar os locais que frequentávamos juntas.

Gosto de sofrer em paz, como um cão que lambe as suas próprias feridas refugiado no seu canto.