sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pur@

Diz-me que mudei. Que estou mais "desabrochada".
Digo-lhe que tive que sobreviver no último ano e isso muda profundamente qualquer pessoa. 
Pergunta-me o que aconteceu para me ter separado. Explico-lhe, devagar, para eu própria não tropeçar. 
Ficou chocada. Com a forma como aconteceu, com o que aconteceu, com o prazo dado para sair de casa, resumindo: com a filha da putice de que fui alvo. 
Digo-lhe que estou bem, que é bom conhecer gente de mau calibre, assim conseguimos identificá-los no futuro e evitar cair no mesmo erro. 
Digo-lhe também que nem tão cedo quero ter alguém, tal não foi o trauma. 
Diz-me que assim percebe melhor a minha postura. 
Pela primeira vez falamos nisto. 
Mudo de assunto, não quero trair o meu bom humor. 
Diz-me ainda que o meu percurso tem sido muito bom, profissionalmente fui evoluindo e rápido. 
Sente-se orgulhosa, vê-se no olhar. 
Digo-lhe que recebi um e-mail de uma professora, a semana passada e que fiquei comovida. 
Li-o. Percebi que tinha ficado radiante. 
Disse-lhe que era a minha gratificação, o retorno do ano passado, escolar. Tão bom! Tão quente! Tão motivador!!! Tão... Tão!
Oferece-me um livro e uma moldura com uma foto, "- sei que não gostas de fotos de falecidos, mas este é o nosso menino". Assim, lá fiquei com uma foto do gato, uma das coisas mais preciosas para ela. Que se dispôs a partilhar comigo quando decidimos viver juntas. 
Outros tempos, outras vontades. 
Via-a a semana passada. Vejo-a novamente hoje. 
Diz-me que me quer ver para a semana, temo que já não aconteça, mesmo assim digo-lhe que tentarei. 
Despeço-me dela. 
Obrigada por seres quem és. Obrigada pela tua constante preocupação e proteção. Obrigada por teres partilhado 7 anos da tua vida comigo. Obrigada ainda pela tua sinceridade, lealdade, bondade, ingenuidade e disponibilidade. 
És, simplesmente, uma das melhores pessoas que conheci até hoje. 
Por tudo, obrigada. 





Fica a foto do almoço. 
Simbolicamente, o tempo é o que fazemos com ele. 

Sem comentários: