Digo-lhe que tive que sobreviver no último ano e isso muda profundamente qualquer pessoa.
Pergunta-me o que aconteceu para me ter separado. Explico-lhe, devagar, para eu própria não tropeçar.
Ficou chocada. Com a forma como aconteceu, com o que aconteceu, com o prazo dado para sair de casa, resumindo: com a filha da putice de que fui alvo.
Digo-lhe que estou bem, que é bom conhecer gente de mau calibre, assim conseguimos identificá-los no futuro e evitar cair no mesmo erro.
Digo-lhe também que nem tão cedo quero ter alguém, tal não foi o trauma.
Diz-me que assim percebe melhor a minha postura.
Pela primeira vez falamos nisto.
Mudo de assunto, não quero trair o meu bom humor.
Diz-me ainda que o meu percurso tem sido muito bom, profissionalmente fui evoluindo e rápido.
Sente-se orgulhosa, vê-se no olhar.
Digo-lhe que recebi um e-mail de uma professora, a semana passada e que fiquei comovida.
Li-o. Percebi que tinha ficado radiante.
Disse-lhe que era a minha gratificação, o retorno do ano passado, escolar. Tão bom! Tão quente! Tão motivador!!! Tão... Tão!
Oferece-me um livro e uma moldura com uma foto, "- sei que não gostas de fotos de falecidos, mas este é o nosso menino". Assim, lá fiquei com uma foto do gato, uma das coisas mais preciosas para ela. Que se dispôs a partilhar comigo quando decidimos viver juntas.
Outros tempos, outras vontades.
Via-a a semana passada. Vejo-a novamente hoje.
Diz-me que me quer ver para a semana, temo que já não aconteça, mesmo assim digo-lhe que tentarei.
Despeço-me dela.
Obrigada por seres quem és. Obrigada pela tua constante preocupação e proteção. Obrigada por teres partilhado 7 anos da tua vida comigo. Obrigada ainda pela tua sinceridade, lealdade, bondade, ingenuidade e disponibilidade.
És, simplesmente, uma das melhores pessoas que conheci até hoje.
Por tudo, obrigada.
Fica a foto do almoço.
Simbolicamente, o tempo é o que fazemos com ele.
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