O motorista leva-me lá, peço para ir a um supermercado onde passei, perto de casa, a 600 metros.
Tristemente, não posso andar sozinha na rua.
Faço as compras rapidamente, não me reconhecendo nos alimentos que vou vendo nas prateleiras.
Compro o essencial, não levo pão. Não há. Tal como não há carne. Não como estou habituada a comprar.
Chego a casa, descarrego as compras, arrumo tudo e faço um café.
Sento-me frente à televisão, como choveu não há tv cabo nem internet.
Resolvo vestir uns calções, uma t-shirt, calço os ténis e decido ir correr para o condomínio.
Desço e coloco os headphones e desato a andar às voltas no condomínio, que é fechado e vigiado por vários seguranças que empunham AK47s.
Assusta-me esta facilidade em tirar vidas.
Por um lado sinto-me segura, por outro sinto-me frustrada por viver em modo prisioneiro.
Decido correr, não quero ouvir nada nem pensar em nada.
Este arame farpado, que me isola do mundo, dá-me forças para correr mais rápido.
E assim canso este corpo para dormir descansada.
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