Para começar em pleno, marco o pequeno-almoço na Pousada de Palmela.
Depois, seguimos para Alter do Chão. Vamos ficar no Convento, um local onde já fui muito feliz e quero repetir essa felicidade ao lado dela.
Ela, resume tudo o que é mais importante para mim. Tudo se resume a Ela.
Vamos tomar o pequeno-almoço, tudo corre normalmente e em excelência, como é esperado.
A seguir, seguimos para Alter. Vai chuviscando, mas as flores começam a aparecer e já podemos desfrutar das amarelas e das papoilas pelo caminho.
Vou eu a conduzir, como quase sempre. Sinto-me feliz, estou em paz. Quero gozar o fim de semana em grande. Comemoramos dois anos. Exactamente dois anos. Por isso, é especial.
Chegamos ao Hotel, quase na hora de almoço, mas só queremos descansar para já. Ela entra imediatamente na cama, desafiando-me a seguir-lhe os passos. Não consigo resistir, não consigo resistir-lhe. Tiro a roupa e mergulho nela.
Ficamos assim um longo período, até que o telemóvel dela começa a chamá-la.
Levanta-se, pega no telemóvel e leva-o para a cama.
Estou quase a adormecer. Ela diz-me que é uma amiga e pede-me para ler os "disparates" que passam no chat.
Ainda meio sonolenta, começo a ler:
-"Está tudo a correr bem?"
-"Infelizmente sim." - responde ela.
De súbito, o meu coração fica desconcertado, não sei o que é aquilo. Não percebo. Não, enquanto a cama ainda está quente.
Questiono-me se valerá a pena perguntar-lhe o que é aquilo. Valerá a pena a discussão? Quererei mesmo saber?
Não costumo ter medo de enfrentar as situações. Questiono-lhe.
Começa por gritar comigo dizendo que não tenho que ler o que escreve. Lembro-a que foi ela que me chamou para ver.
Meio sem jeito, levanta-se da cama e diz-me que está tudo acabado:
-"Esta relação não tem futuro, está tudo acabado. Tens uma semana para sair de casa."
Fico sem reação, não sei o que está a acontecer, não percebo. Só percebo que foi um erro ir viver com ela. Agora estou literalmente na rua.
Não comento, não discuto, nem me manifesto.
Levanto-me, vou tomar duche. Já tinha marcado jantar, não vou desmarcar. Decido ir jantar, nem que seja sozinha. Afinal, o meu coração parou. Estou em modo "ausente".
Ela decide ir jantar, como se nada fosse.
Falo pouco durante o jantar, quero alimentar-me mesmo. Desfrutar do vinho e da refeição.
A seguir vou para o quarto, entro na cama e digo-lhe que quero ir cedo para casa. A casa dela, aquela que vou ter que abandonar nós próximos sete dias.
Tento dormir, a chuva não pára de cair. Sou só um corpo.
No dia seguinte, sigo viagem cedo de regresso. Começo a fazer as malas. Saio em cinco dias.
Não lhe pedi explicações, não lhe perguntei se tinha alguém, não quis saber.
Também não lhe pedi para voltar.
O que era a comemoração de dois anos, marcou o fim macabro desta relação que terminou em formato de terror.
Mais tarde, ela voltou a procurar-me, queria o meu corpo. Fraca de mente, cedi. Prostitui-me duas vezes em troco de esperança. Esperança que tudo fosse um engano.
Decidi cortar relações totalmente. Não é para mim, sou mais que isso, do que um corpo.
Ela revelou-se muito pior do pior que eu alguma vez conheci no ser humano.
Hoje, exactamente um ano depois, abriram-me as portas, deram-me três semanas para entrar, acolheram-me e eu não hesitei. Tomei a decisão em duas horas.
Nada há-de ser pior do que passei.
E, em modo sobrevivência, estou num país distante, num continente diferente, numa cultura diferente.
Caí, bati fundo, quase morri e, lá no fundo, virei-me, ergui-me e saí do buraco.
Sempre só, a crescer e a aprender. Conheci-me ainda melhor, fiquei menos tolerante com os outros. Afastei o que não queria e quem não queria da minha vida.
Amor? Não sei o que é.
Prefiro assim.
1 comentário:
Good luck!!;)
Enviar um comentário