domingo, 6 de abril de 2014

Realidades na Noite da Paz

Convida-me para jantar.
Alerto-o que estou sem documentos, o passaporte está no consulado a aguardar a renovação do visto.
Insiste, garantindo que basta 20€ para a típica gasosa. 
Contaram-me histórias suficientes que me fazem ficar com receio de sair sem documentação. 
Volto a dizer que não me sinto confortável sair num dia feriado nesta situação.
E ele insiste, dizendo que liga ao pai se as coisas derem para o torto. 
Fico um pouco mais tranquilizada, mas alerto-o que, como europeia neste país, vou trabalhar no sábado. 
Ele ri, só mesmo os europeus para trabalharem em sábados a seguir a sextas feriado.
Vem buscar-me, dispenso o motorista hoje.
E vamos, sem saber ao certo onde vou. Diz-me só que é especial.
Vamos ao Origami, o restaurante do Epic Sana, com vista sobre a baía. 
Chego, e fico deslumbrada com a vista. 
Pedimos as refeições, ele pergunta-me se alinho numa sangria sunset. Digo-lhe que sim.
Sinto-o inquieto, muito nervoso.
Aprecio a vista e as poucas pessoas que estão no restaurante. Passa jazz, nada mais interessa, sinto-me bem!
Olho para o céu, consigo ver as estrelas. 
Ele fala-me dele, diz-me a data de aniversário. Coincide exactamente com a data da minha ex-namorada (20 de Junho). Sorrio, só pode ser excelente pessoa! 
Pede-me para falar de mim e eu, conto-lhe o essencial, digo-lhe que tive duas relações de 7 anos, apenas revelo o mais importante. Não vou perder tempo com ninharias. 
Sinto a mão dele a aproximar-se da minha.
- Dá-me um beijo! - pede-me com um olhar doce. 
- Não te apaixones por mim, peço-te. - digo-lhe com a maior honestidade possível. 
- Tarde demais, foi inevitável. - diz-me com um ar triste. 
- Porquê? 
- Porque és tudo o que uma pessoa pode querer. 
O fogo de artifício invade o céu, está a terminar o Dia da Paz.
Fico a olhar os céus. Perdida em pensamentos: o que me levou até cá, o que quero de cá, o caminho até cá. 
Deleito-me a ver o fogo, enquanto acendo um cigarro. 
Nada mais interessa. 


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