quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Adiar (até no que controla o tempo)

Depois de uma mão esquartejada, um dedo da mesma mão descascado e um dedo do pé direito desfeito, esmagado por uma abóbora de 3 Kg voadora que aterrou em queda livre largada a 2 metros de altura... continuamos. Ainda que a coxear e sem manusear uma mão, seguimos caminho.

E mais revelo. Revelo que estou apaixonada. Sim, apaixonada. 
Este romance começou em Junho, quando cheguei a Portugal. Andava a vaguear pelo shopping e dei de caras com a minha nova paixão.
Ali estava ela, a sorrir para mim. Achei que se tinha dado o clique, cheguei a casa e falei nisso com os amigos e familiares que, de pronto, me encorajaram a voltar lá e trazê-la para casa. 

Disse-lhes que talvez não gostasse assim tanto dela. Que não era imprescindível. Estava bem assim. Poderia viver bem com uma paixão platónica.

Entretanto, fui passando lá mais algumas vezes, e ela não saía do shopping, estava sempre lá. Sabia sempre onde encontrá-la, embora mudasse de lugar. 

Um dia tive coragem e além de lhe retribuir o sorriso, ainda consegui tocar-lhe, ainda que com sentimento de toque de pecado.
Depois voltei a Angola e esqueci-me desta paixão. Como se nunca nada tivesse acontecido. Afinal, a paixão não era assim tão grande, era eu apenas a precisar de um pouco de romance.

Quando chego ao aeroporto para voltar para Portugal, num dos postos de controlo, acontece-me algo que me faz lembrar imediatamente deste caso inacabado (nem começado, na realidade).
Fico a pensar que, assim que chegar a Portugal vou procurá-la, ainda que não tenha a certeza se ainda pára no shopping. Não me assusta, se quiser muito, vou encontrá-la, Sou determinada e perspicaz a esse ponto.

Acho que quando entro no avião, esqueço-me novamente da história, até ontem.
Ontem, voltei ao shopping e fui ao local onde a vi a primeira vez, e estava lá, logo à primeira. Sorri-lhe. Voltei a sorrir-lhe, virei costas e fui embora. 
Dei mais uma volta ao shopping e volto a passar por lá. Volto a sorrir-lhe com simpatia e toco-lhe. 
Apenas consigo dizer: "Quero que venhas comigo, mas hoje não. Talvez amanhã."





Fica a promessa, chega de adiar. 
Passo lá antes de sábado. (ponto)


 

 

Sem comentários: