segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Superação

Pois é, estamos de volta.
De volta ao nosso país, para os braços de quem nos quer bem. Muito bem, melhor que muito, melhor que tudo.

3 dias sem água nem luz. 72 horas a ouvir apenas a nossa voz. 36 horas de pura escuridão.
Medo? Pensei que tinha. Pensei que tinha medo do escuro, medo dos meus fantasmas, medo de ficar em total solidão comigo.
Assustei-me quando me informaram do sucedido. Até chegar a casa, estava nervosa com a ideia. Depois... tranquilo. Sem medo, numa calma e paz total.
Foi difícil, estava totalmente isolada e sem forma de contactar com o mundo, pois quase tudo depende da electricidade, e as baterias não duram sempre.
Foi uma prova dura. Lutei comigo, com os meus fantasmas e ainda desenvolvi outras capacidades que até ao momento desconhecia.
Claro, fui castigada pelos mosquitos, porque não os conseguia ver. E pela faca, que me furou a mão e descascou um dedo.



Dediquei-me exaustivamente a tentar perceber as bombas de água/geradores, apesar de não funcionarem. E, não saber até que ponto será útil essa informação no futuro.Mas, sem água, luz e sem livros para ler (dificuldades de quem leva 3 livros, já os leu e depende do ipad para ler ebooks), o entretenimento não existe.



Apenas me restou paciência para ir ao supermercado comprar uma "jangada", o vulgo "palmier recheado" em Portugal.
Achei que era o único bolo cujo nome era indicado para me levar a salvação. Ainda assim, após uma dentada, tive que o deitar fora... não era o bolo que me iria salvar, não precisava de uma jangada, precisava mesmo de um bilhete de avião.



Assim, e sem condições para continuar (um problema que cá leva um dia a resolver, lá leva uma semana, no mínimo), volto para casa.

E só por isto já vale a pena voltar. Porque é isto que nos acalenta. E por isso, vamos continuar.



PS: Obrigada mãe, pelas tuas palavras e por me fazeres acreditar que "desistir" às vezes é o melhor caminho.
Desistimos do que é menos bom e seguimos rumo ao sonho. Porque hoje, até tu já acreditas.
 "Pelo sonho é que vamos, comovidos, mudos, chegamos não chegamos, haja ou não frutos... pelo sonho é que vamos" (Sebastião da Gama)

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