segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

reencontro

Passados 6 anos, pela primeira vez sentámo-nos à mesma mesa. Pela primeira vez nesse período, trocámos um sms que não era nem para desejar um feliz aniversário, nem para desejar um feliz Natal. Passados 6 anos, o teor do sms alterou, era um convite. "Que tal um gin tónico ao final da tarde?". Nem quero acreditar. E eu, que estava a caminho de Lisboa, a atravessar a Ponte Vasco da Gama, no final do dia, com o sol a descer, o rio a reflectir o vermelho de um fim de tarde de Verão. Era domingo, e como eu queria voltar a vê-la... Eu, estupefacta com o sms, pensei logo em ir, até ia directo. Mas não, tinha a minha companheira em casa a tratar do jantar. Não poderia cometer um disparate destes, impensável. Enviei um sms de resposta a indicar que ficaria para outro dia, e o encontro foi adiado, mas por pouco tempo, aconteceu na semana seguinte.
Cheguei à hora indicada ao local combinado. Ela chega atrasada. Disfarço o meu nervosismo e peço um café enquanto aguardo. Vejo-a a aproximar-se, com o seu passo tão característico do qual confesso ter tido saudades. Cumprimenta-me com um grande sorriso e apercebo-me que ficou radiante por me voltar a ver. Não consigo conter o sorriso, peço um Gin Tónico para ela, e acompanho-a com um Martini.
Descreve-me o lapso temporal relativo a 6 anos. Conta-me quem conheceu, com quem passeou, com quem viveu, onde passou férias, tudo. Eu digo-lhe que mudei de casa, que tenho um emprego novo, mas ... nada mais do que isso. Contou-me que vivia um inferno com a actual companheira. Fiquei preocupada e achei que não se encontrava nada bem a nível emocional. Diz-me num tom apressado que tem que ir embora, a companheira estava quase a chegar a casa e ela tinha que lá estar. Percebi que as coisas não estavam a correr nada bem para o lado dela.
Agora sim, tinha percebido o porquê daquele café, passados 6 anos. Confidenciou-me que se tinha arrependido de me ter deixado.
Sorri, com um ar hipócrita de quem via o inimigo a pedir perdão. Se ela soubesse como "sangrei" nos últimos anos... Como doeu a separação... Mas, eu não era mais a miuda que ela conhecera um dia. Sim, tinha-me transformado em mulher, tinha uma casa, um emprego, uma licenciatura e até uma mulher... mas isso ela não sabia, nem chegou a saber.

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