Ainda assim, abro o tanque e sem jaula, atiro-me com toda a propulsão para que consiga atingir o fundo. Só eu sei como gosto da fatalidade, não fosse a tragédia grega correr-me nas veias.
Só penso que tenho que sobreviver, é esse o objetivo: o único objetivo. E sei... que no tanque com mais dois tubarões, eu sou apenas um peixinho, um minúsculo peixinho. Só um de nós conseguirá sobreviver. São os "termos de serviço". E eu, fui obrigada a ler e a assinar antes de me lançar.
Comigo, trago a única coisa que interessa, a minha vida. O meu cérebro está sobrelotado de números, e vou precisar deles para que consiga sobreviver. Nestas coisas, não interessa quem é o mais forte, senão saberia que não teria hipótese nenhuma. Interessa quem tem a melhor estratégia de início ao fim, a persistência e a perseverança. Tem que se ser inteligente, aplicar tudo o que conhecemos. Aplicar tudo o que somos. E assim comecei a desferir os primeiros golpes num tubarão. Mas, vinha o outro e enquanto eu atacava um, era atacada por outro. Como sou pequena, decido retirar-me para um canto, bem no fundo do tanque, magoada e atordoada com a pancada que estava a apanhar. Deixei-os atacarem-se mutuamente. Seria mais fácil para mim lutar apenas com um tubarão. E isso acaba por acontecer, um deles acaba por morrer, restando eu e o tubarão agora carregado de auto-confiança e determinado a abater-me. Eu, com as energias em baixo, ferida e a sangrar nem consigo nadar. Não consigo atacar, o medo paralisa-me. Começo a pensar que não foi uma boa ideia entrar no tanque, mas não tenho outra saída. Ou morro, ou luto. Como não tenho energias para atacar, vou esperar pelos golpes do tubarão e forçar o mesmo a cometer erros dos quais possa tirar partido. Posso cansá-lo, levar ao erro e assim sair ao ataque em vantagem. Após várias tentativas de golpes do tubarão, só me conseguia desviar para os lados, para cima e para baixo ficando cada vez com menos energia.E é aí que começo a ver o meu adversário a errar, erro atrás de erro. Não consigo aproveitar-me de todos, mas coloco-me em sentido e vou desferir um golpe bem forte para que consiga perder 1/4 da sua energia. E assim foi... começou por perder 1/4, 1/2 até que ficou quase moribundo e aí... enchi-me de força e apliquei o golpe mortal.
Fui eu quem saiu do tanque. O peixinho.
Aplicar-me a 100% no que faço, estudar 4h por dia, trabalhar 10h, ter coaching às 2h da manhã (fusos horários), ser persistente, nada tem a ver com sorte. E foi por isso que sobrevivi.
Agora, vou ver o nascer do sol e a seguir dormir. Até já.
#amiudaqueviroupeixe
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